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Apresentação do Livro CHICORONHO

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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Porquê o 4 de Fevereiro de 1961 em Angola.

Porquê o 4 de Fevereiro de 1961 em Angola


Actualmente é simplesmente impossível esconder os factos que levaram nós angolanos a lutar pela independência de Angola. Existem muitos trabalhos realizados por especialistas em história que perpetuaram a verdadeira história das colonizações europeias.

Ainda existem por aí muitos, que por ignorância e outros premeditadamente que dizem:

“a colonização de Portugal foi diferente, foi melhor que a dos outros…” blá, blá, blá.

NÃO HÁ COLONIALISMOS BONS, TODO O COLONIALISMO É, POR NATUREZA VIOLENTO E ATRASA O DESENVOLVIMENTO. POR OUTRO LADO, COLONIZAÇÃO É SUJEIÇÃO DOS POVOS A UMA SUBJUGAÇÃO, DOMINAÇÃO E EXPLORAÇÃO E TUDO ISSO CONSTITUI A NEGAÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DO HOMEM E COMPROMETE A PAZ ENTRE ELES.

A «gota de água» para luta armada iniciada no 4 de Fevereiro de 1961 foi o massacre na baixa do Cassange no dia 4 de Janeiro do mesmo ano, local com mais de 150 000 habitantes. Chama-se «Baixa do Cassange» porque estamos perante um grande território com cerca de 75 000 quilómetros quadrados localizado numa depressão rodeada por montes e serras com mais de 1000 metros altura. A Baixa do Cassange está a uma altitude média de 650 metros.

Não vou falar do dia que inicia a nossa luta pela independência mas de factos que antecederam esse dia e que muitos desconhecem.

O princípio do fim da presença portuguesa em Angola começa no fatídico dia 4 de Janeiro de 1961. De acordo com o capitão português José Ervedosa, nesse dia a aviação portuguesa destruíra 17 aldeias e matara cerca de 5000 a 10 000 homens, mulheres e crianças com bombas incendiárias napalm. Um autêntico crime contra a humanidade. Este hediondo ataque ocorreu em resposta à revolta dos agricultores da Baixa do Cassange. Na região de Milando - Quivota, os cultivadores vão recusar-se a trabalhar o algodão, a pagar o imposto de capitação e a obedecer às autoridades. A luta alastrou a Cunda e Marimba N´guengo. No dia 7 de Fevereiro, a 4º companhia de Caçadores Especiais saiu para Cunda-ria-Baza e sofre uma emboscada, a primeira de muitas que exercito português sofreu.

A vida dos habitantes na Baixa do Cassange era um autêntico inferno! Os agricultores e suas famílias eram obrigados a cultivar o algodão, em vês de outros produtos que permitissem diversificar a alimentação das familias. No final da campanha os agricultores tinham de vender a sua produção à famosa COTONANG fundada com capitais portugueses (Companhia de Algodão da Angola SARL) e capitais belgas decorria o ano de 1926. O conhecido Rebocho Vaz (viria ser um dos governadores da Angola (1966-1971), na altura era major, comandante da 4ª Companhia de Caçadores Especiais mandou fazer um inquérito à actividade da COTONANG . Numa das partes do relatório dizia que as pessoas na Baixa do Cassange viviam “em condições de absoluta miséria moral e material… existem sanzalas inteiras em que as águas, no tempo das chuvas, passam pelo leito das cubatas onde dormem”.

Outro aspecto importante a destacar no relatório são os capatazes da COTONANG, estes exigiam dinheiro aos cultivadores para “os não denunciar ao chefe ou ao agente de mato, por uma qualquer razão inventada, como seja a falta de limpeza da lavra de algodão ou outra falta relativa ao cultivo”. Por outro lado, os agentes do mato da COTONANG forçavam os agricultores a mudarem a sua residência para sítios onde dessem mais rendimento. Como se percebe a fome era generalizada porque a COTONANG pagava aos agricultores preços muito abaixo do mercado por outro lado, depois de tantos trabalhos na cultura do algodão, os agricultores não tinham tempo para as suas próprias culturas alimentares, o feijão, a batata, o milho, a mandioca. Quando chegava a hora de dar de comer à família nada havia.

Conseguimos imaginar a pressão psicológicas que estas famílias de agricultores viviam diariamente ao longo de uma vida!!

A COTONANG era uma entre muitas empresas de empresários portugueses que se enchiam de dinheiro na metrópole à custa da exploração das colónias e respectivos povos. A indústria portuguesa temia o desenvolvimento e a concorrência das mercadorias das colónias. Por exemplo o ignóbil Salazar mandou publicar em 5 de Setembro de 1944 o Decreto nº33924, que proibia as instalações têxteis em Angola. Em 1958 é publicado um decreto proibindo a pesca no alto mar, quando não fossem utilizados barcos a motor isto colocara os pescadores angolanos com menos recursos financeiros numa situação ainda mais difícil Este são exemplos entre dezenas de outros.

Por obvia compreensão ficou patente que o sofrimento dos povos das colónias portuguesas foi agravado pelo atraso económico da metrópole. Atraso que aumentou á medida que o sórdido Salazar se perpetuava no poder.

Importa salientar que os angolanos tentaram evitar a luta armada, inclusive foi enviado a Salazar, decorria o ano de 1960 uma Declaração do MPLA subscrita por Viriato da Cruz, Mário de Andrade e Lúcio Lara, que propunha o «estabelecimento das liberdades públicas, nomeadamente a de formação legar de partidos políticos e garantias concretas para o exercício efectivo dessas liberdades”.

Mas com o exíguo raciocínio do ditador português os elementos do MPLA não obtiveram resposta.

Não seria de esperar outra coisa, vindo de quem vem!!

A mesma «sorte» teve o embaixador americano Charles Elbrich a 7 de Março de 1961, incumbido de explicar ao ditador de Portugal que os EUA tinham alterado a sua politica em relação a África e por isso os ajudaria a preparar a Independências das suas colónias, com grandes vantagens financeiras, formação dos militares portugueses nos EUA entres outras benesses. Mas Salazar de limitada inteligência não percebia a mudanças do mundo e resistia contra tudo e contra todos.

Como eu disse o 4 de Janeiro foi a GOTA DE ÀGUA de um copo que há muito que estava cheio de uma triste história de colonização como foram todas as outras pelo mundo fora.

Nesse sentido surge o 4 de Fevereiro de 1961.











3 comentários:

  1. Nito Alves disse um dia: « Os que fazem a História nem sempre podem escrevê-la» Desafio este senhor a escrever sobre as vítimas dos massacres em Angola em 1977 ... ...

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  2. O Fratricida de 1977, que ocorreu em Angola foi uma das maiores tragédias da história do MPLA e de Angola em geral.
    Contudo, parece que o senhor anónimo quer justificar a monstruosidade dos militares portugueses com outras que ocorreram e foram perpetuadas por angolanos.
    Mas eu lamento dizer que um mal não se justifica com outro mal. Uma crueldade nunca serviu, não serve e nunca servirá para encobrir, desculpar ou branquear outras crueldades.
    O comentário do senhor anónimo é frequente entre aqueles que querem perpetuar uma estória de colonização portuguesa «imaculada» pensando com isso que poderão apagar a história da colonização portuguesa, cruel como todas.

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  3. Voces nao sabem o quanto nos sofremos para alcansar a paz por isso nao digam o que nao devem dizer...ha...ha...ha...

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